Mesmo na crise, o empreendedor tem que procurar oportunidades: minha entrevista para o Jornal do Commercio


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Hoje (15) foi publicada uma entrevista que concedi ao Jornal do Commercio para uma reportagem sobre negócios. A matéria fala mais especificamente sobre empreendedorismo, assunto sobre o qual gosto e acho importante falar. Abordo dicas para os empreendedores preocupados com os tempos de crise que, infelizmente, nosso país enfrenta. A saída para o Brasil, no entanto, é justamente o empreendedorismo! Leia abaixo:

Janelas de oportunidades abertas

Crise e desequilíbrio econômico impulsionam e levam as empresas para novos desafios, com a criação de projetos inovadores e o desenvolvimento de práticas de gestão, como a definição de um planejamento estratégico bem alinhado

Quem não conhece o famoso trecho do poema‘Mar Português’, de Fernando Pessoa, que diz: “Tudo vale a pena, se a alma não é pequena”.

A sugestão do verso do poeta português pode inspirar os brasileiros nesse delicado momento de crise política e econômica instalada no País.

Se, para muitos, é um prenúncio para concordatas, falências e insolvênicas, não havendo nenhum facho de luz ao final do túnel; outros já enxergam na crise janelas bem abertas de oportunidades para o crescimento, afirmam os especialistas em gestão de negócios.

Mas, afinal, em tempos de instabilidade na política e que impactam diretamente na economia, vale a pena empreender?

Sempre vale a pena empreender, diz o cofundador da Bematech, Marcel Malczewsky. Não é arriscado abrir um negócio neste período, desde que alguns mandamentos sejam seguidos. “A orientação é simples, apenas não invente. Este momento não é para estabelecer mudanças ou arriscar-se em algo ou área que o empreendimento não domina ou não tem expertise”, afirma.

Empreender não é tarefa fácil em qualquer lugar do mundo. No Brasil, é ainda pior devido aos desafios impostos pelo grande volume de burocracia e carga tributária que emperram qualquer ação empreendedora. Apesar de tudo, a taxa total de empreendedorismo atingiu, no ano passado, o maior índice de todos os tempos. Em dez anos, saltou de 23% para 34,5%, constata Marcel. “Todo empreendedor precisa ser, antes de mais nada, persistente”, afirma.

Ele cita a trajetória de homens de sucesso, como: Bill Gates, Steve Jobs e até Thomas Edison. “Todos eles passaram por alguns percalços antes de obterem êxito em seus negócios”, pontua.

A energia do empreendedor cresce quando ele enxerga claramente o seu objetivo. “O principal segredo está em identificar a dinâmica de mercado como, por exemplo, ter um plano de negócios objetivo e atualizado, de acordo com o seu segmento”, orienta.

Todo esse conhecimento adquirido vem da experiência prática de Malczewsky, que assina o livro ‘Diário de um empreendedor’, da Editora Évora, que conta a sua trajetória pessoal e profissional até ele abrir a empresa, que lida com software e equipamentos para sistemas de varejo e hospitalar. “Eu enfrentei muitas dificuldades ao iniciar o meu negócio, como todos enfrentam, mas persisti porque tinha o essencial: a vontade de fazer”, ensina.

Nessa jornada, o empreendedor afirma que trabalha com diversos elementos como: a necessidade de se ter uma boa ideia e um plano de negócios objetivo, com controle do fluxo de caixa, planejamento estratégico, além de firmar parcerias, fazer alianças com startups de tecnologia, buscar angels investors, ter ideias inovadoras. Com relação às vendas, ele disse que são vitais para um negócio ser bem-sucedido. “É preciso ter em mente que a crise e o desequilíbrio econômico sempre impulsionam e levam as empresas para novos desafios, ajudando os negócios a sairem da zona de conforto. É nesse momento que bons projetos surgem e crescem. Eu estimulo sempre as pessoas a empreender, é claro, com foco na área que elas têm conhecimento e habilidades”, explica.

Se, por um lado, a economia vive um momento de retração, com as pessoas segurando e até mesmo cortando gastos, também é o período para usar a criatividade e tentar criar oportunidades, diz o membro do conselho de jovens lideres empreendedores e especialista em relações internacionais, Pedro Rafael Azevedo. “Esta é a hora de inovar, criar e fazer mais com menos”, afirma.

As recomendações para quem vai abrir um negócio próprio valem muito em meio às intempéries da economia, como também para períodos mais estáveis e favoráveis.” Sempre vai haver risco, estando o País em crise ou não. Quando o empreendedor está investindo, existe essa possibilidade. Até mesmo se der certo, é preciso redobrar a atenção para manter o negócio”, avalia.

O fato é que três aspectos são importantes na hora de empreender, diz Azevedo.

O primeiro deles é direcionar os investimentos para a área de atuação em que o profissional tem experiência e expertise; o segundo é realizar um estudo de mercado sobre aquele segmento, para estabelecer ações e ter um cenário da realidade econômica; já o terceiro é o de ter um planejamento estratégico, visando obter parcerias, ideias. Tudo esquematizado em um cronograma de atividades.

“A palavra de ordem é vislumbrar oportunidades e estabelecer uma organização.Isto é fundamental para empreendedores de qualquer atividade e setor em qualquer momento da economia. É preciso ter cautela e atenção redobrada a cada dinheiro investido para ter esse retorno”, afirma. Apesar de estimular o empreendedorismo de novos negócios, Azevedo faz um alerta e diz que a hora é de dar continuidade a um projeto que já esteja em execução.

“Esse é o momento que você pode fazer diferente e tem muita gente prosperando. É claro que não é fácil, mas é preciso encarar a crise com realidade e com motivação para não ficar estagnado e poder colher frutos a longo prazo, porque as crises sempre passam”, completa.

Enquanto a realidade do comércio tradicional vai mal devido à crise, os negócios na internet começam a prosperar e podem ser uma saída para muitos empreendedores. É o que avalia o especialista em desenvolvimento de sistemas para Internet e autor do livro “Vender na Internet: por onde começar”, Anderson Nefelomante.

“A decisão não é simples. Muitos projetos bem-sucedidos foram criados a partir de dificuldades. Percebemos que existe ainda uma resistência em investimentos na web, só que esse meio virtual pode ser o início de um projeto ou pode ser também uma maneira de empreender em negócios já tradicionais”, diz.

Em 2015, pior ano para o comércio tradicional, houve aumento de 15% no faturamento do comércio digital, segundo estudos de Anderson. Além disso, houve uma entrada de mais de 40% de novos negócios no ambiente virtual, criados por dois perfis de profissionais, aquelas pessoas que saíram de suas empresas por conta do cenário de crise e as que começam a vender itens que produzem por hobby e também por especialistas em um determinado produto ou serviço, que decidem investir e vendê-los por conta própria.

É uma tendência a migração do público do comércio físico para o online, por questões de conforto, segurança, facilidade e rapidez, explica. “É importante entender que, seja qual for o foco do negócio, um empreendedor precisa pensar no todo, não esquecendo também no seu público. As pessoas também estão com problemas e evitam gastar. Então, o empreendedor precisa ser certeiro e o e-commerce lhe dá a possibilidade de investir e ter um retorno mais rápido”. É claro que para qualquer investidor, independente de ser um negócio físico ou digital, o planejamento é a base de tudo, afirma Nefelomante. “ A internet pode ser uma alternativa e um negócio mais seguro nesse cenário de instabilidade da economia. No entanto, é preciso ter cautela como qualquer negócio”, diz.

One comment

  1. Olá Pedro, tudo bem?
    Sou o Anderson, autor do livro “Vender na Internet: Por onde começar”, que você menciona na entrevista. Tens essa publicação do jornal em arquivo pra eu guardar aqui? A assessoria de imprensa não me informou sobre a menção nesse jornal, gostaria de guardar como recordação. Abraço.

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